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2015 será uma altura para assumir menos riscos, depois dos já assumidos pelos investidores imobiliários nos últimos 3 anos. Esta é uma das principais conclusões/previsões que constam no mais recente relatório Emerging Trends in Real Estate Europe 2015, apresentado pela PwC e pela ULI na passada 5ª feira.
A apresentação do documento aconteceu no hotel Sheraton, em Lisboa, e contou com a participação de Gareth Lewis, representante da ULI Londres, que deu nota dos key points deste relatório, no que toca a previsões para 2015.
Este relatório baseou-se nas respostas obtidas através de 286 entrevistas, 198 das quais online, e revela que os riscos geopolíticos, instabilidade política e financeira, a demografia e o stock imobiliário de qualidade mais escasso fazem parte das preocupações dos investidores neste ano que agora começou. Gareth Lewis afirmou na ocasião que a Europa e em particular o Reino Unido devem esperar «um maior aumento de capital investido vindo das Américas».
O responsável destacou ainda o facto de Lisboa se encontrar no 9º lugar das melhores cidades para investir na Europa este ano, tendo subido 17 posições face ao ano passado. Gilberto Jordan, chairman da ULI, considera uma «subida notória para uma brilhante 9ª classificação». E se uma parte desta vitória reflete o crescente interesse por parte dos investidores estrangeiros, outra parte deve-se, explica, «ao esforço governamental de tornar a legislação fiscal mais atrativa para os mesmos e a programas como os “Golden Visas”, que colocaram Portugal e especialmente Lisboa novamente no mapa do investimento imobiliário».
De notar que as cidades secundárias vão captando cada vez mais a atenção dos investidores interessados em investir no mercado residencial, o que deverá ter influência neste ranking de cidades.
Este evento contou com um painel de debate onde participaram Francisco Horta e Costa, da CBRE, António Pena do Amaral, da F&C Portugal, Gilberto Jordan e Jorge Figueiredo, da PwC, moderado por Ricardo Guimarães, da Confidencial Imobiliário, que se debruçaram sobre as tendências deste ano.
António Pena do Amaral considera que a diversificação das escolhas dos investidores se deve, essencialmente, «à falta de alternativas e de objetivos de locação», e nota que «o risco em 2014 não era muito menor do que este ano. O problema é a falta de alternativas». E acredita que «o risco é ultrapassado pela vontade de aplicar no imobiliário, e o ambiente é propício para isso».
Jorge Figueiredo, por seu turno, nota que a abundância de capital que hoje se verifica investe bastante em imobiliário, já que este setor «está a render mais do que um depósito e do que uma dívida pública», o que será certamente positivo para o setor.
E em Portugal, hoje em dia os investidores são muito diversos, atesta Francisco Horta e Costa, que referiu que «nem todos têm uma lógica oportunística» numa altura em que «as taxas de rentabilidade estão em pressão para baixar».
«Os investidores perguntam-nos se já é tarde» para investirem em Portugal. «Para produto mais core, é tarde, para quem quer mais valias. Quem quer mais rentabilidade tem de assumir mais riscos em Portugal, em reabilitação, em zonas periféricas, no Algarve, etc», nota o responsável.
Gilberto Jordan nota, por seu turno, que «durante a crise vieram para o mercado coisas que de outra forma não iriam. Somos agora um mercado maduro, com conhecimento, e informação», o que considera que joga a favor do país. «Estamos de volta como nunca estivemos», destacando ainda o contributo do setor do turismo para os negócios.
No entanto, «a crise obviamente que não passou. Temos ainda o problema do crédito, mas há uma adaptação às novas regras, e o mercado transforma-se», referiu ainda Jorge Figueiredo.
Os oradores abordaram ainda a questão da criação das SIPI em Portugal, que deverá acontecer ainda este ano. Consideram que «estas novas vantagens podem ajudar». O novo regime destas sociedades ainda não é, no entanto, público, colocando o imobiliário na expetativa.
O relatório completo pode ser consultado online.